Experimente o sabor autêntico do acarajé, um patrimônio gastronômico da Bahia e entenda porquê ele conquistou o mundo
O acarajé é um prato icônico da culinária baiana, conhecido por sua combinação irresistível de sabores e temperos, tendo uma história rica e fascinante que remonta aos tempos da escravidão.
Venha conosco e explore a origem do acarajé e descubra como ele surgiu e se tornou uma iguaria tão popular no Brasil. Prepare-se para conhecer os segredos por trás desse quitute delicioso e descobrir o que o torna tão especial.
Vamos embarcar nessa jornada gastronômica e desvendar os encantos desta delícia que vai conquistar seu paladar!
Qual a origem do acarajé?
O acarajé tem suas raízes na África Ocidental, mais especificamente entre os povos Iorubás e Hauçás. Esse quitute delicioso chegou ao Brasil durante o período da escravidão, originado pelos africanos que foram trazidos para trabalhar nas plantações de cana-de-açúcar.
O nome "acarajé" deriva do termo Iorubá "àkàrà", que significa "bola de fogo". Inicialmente, o prato era conhecido como "acará", mas ao longo do tempo, ganhou a adição do sufixo "jé", tornando-se o acarajé que conhecemos hoje.
Essa iguaria também possui variações regionais dentro do Brasil. Na Bahia, onde se tornou mais popular, é comumente recheado com vatapá, camarão seco, caruru, salada e pimenta.
Já em outros estados, como no Rio de Janeiro, o acarajé pode ser encontrado com recheios diferenciados, como carne seca desfiada e queijo coalho.
Mas além de ser uma iguaria típica da Bahia, o acarajé também é conhecido e apreciado em outros países. Em Cuba, por exemplo, o prato é chamado de "fritura de frijol" e é feito com massa de feijão preto. Já em Gana, na África, existe uma versão chamada "kose" que possui semelhanças com o acarajé.
Acarajé e os orixás
Um fato interessante é que o acarajé é um alimento sagrado para as religiões da matriz africana, como o Candomblé e a Umbanda. Durante as festividades religiosas, é oferecido aos orixás como uma forma de conexão espiritual.
No Candomblé, por exemplo, o acarajé é oferecido a Oxalá, que é considerado o pai de todos os orixás. Acredita-se que o acarajé simboliza a própria representação, simbolizando a conexão entre o sagrado e o profano, o mundo espiritual e o terreno.
A preparação e a oferta do acarajé seguem um processo ritualístico específico. Antes de iniciar o preparo dos acarajés, é realizada uma cerimônia chamada de "abrir o tabuleiro", onde é feita uma invocação aos orixás, pedindo bênçãos e proteção durante todo o processo.
Durante a preparação da receita de acarajé, a quituteira responsável pela sua confecção precisa estar com os pés descalços e seguir uma série de restrições e rituais adotados pelas tradições religiosas.
Após a fritura, o acarajé é aberto ao meio e recheado com vatapá, camarão seco, caruru, salada e pimenta, formando uma combinação única de sabores.
Na cerimônia de oferenda, os acarajés são colocados em um tabuleiro e são oferecidos aos orixás, colocados em frente às imagens ou assentamentos dos pratos. É um momento de agradecimento, reverência e fortalecimento dos laços entre os praticantes e as entidades espirituais.
A etimologia da palavra "acarajé" remonta ao idioma Iorubá. O termo "àkàrà" significa "bola de fogo" ou "bola de luz" e "jé" significa "comer". Portanto, o nome "acarajé" pode ser traduzido como "bola de fogo para comer". Essa designação está relacionada à fritura do bolinho em azeite de dendê, que confere a cor dourada e um sabor especial ao prato.
A relação entre o acarajé e os orixás é uma manifestação da sincretização cultural entre as religiões africanas e o catolicismo no Brasil. É uma forma de preservar a cultura e a espiritualidade dos povos afrodescendentes, bem como honrar as estruturas e fortalecer a identidade religiosa dessas tradições.
Vale ressaltar que o acarajé comum, vendido nas ruas e barracas de comida, é preparado de maneira semelhante ao acarajé oferecido às propostas. No entanto, o acarajé ritualístico, oferecido aos orixás, é preparado com maior cuidado e de acordo com os rituais e restrições específicas das tradições religiosas.
Acarajé da Bahia
O acarajé da Bahia foi reconhecido como patrimônio cultural imaterial do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 2004. Essa nomeação ocorreu após um processo de pesquisa, análise e participação da comunidade envolvida na produção e venda do acarajé.
O reconhecimento do acarajé como patrimônio cultural imaterial do Brasil se deu em virtude de sua importância para a cultura e a identidade baiana. Essa iguaria é um símbolo vivo da história e das tradições afro-brasileiras, além de ser uma manifestação gastronômica única, carregada de significados religiosos e sociais.
Os ingredientes do acarajé combinam-se em uma explosão de sabores e aromas que fazem desse quitute uma verdadeira iguaria da culinária baiana.
Na Bahia, o preparo e a venda do acarajé são atividades tradicionais realizadas principalmente por mulheres, conhecidas como "baianas de acarajé". Essas mulheres são reconhecidas como guardiãs dessa tradição secular e cumprem um papel fundamental na preservação do patrimônio cultural associado ao acarajé.
A prática do acarajé na Bahia vai além da culinária, englobando elementos como a música, a dança, a vestimenta típica das baianas e a atmosfera festiva das ruas onde ocorre a venda. O acarajé é um componente importante da cultura baiana, tanto em eventos religiosos quanto em festas populares, como o Carnaval.
Além de proteger e preservar uma tradição milenar, a nomeação dessa iguaria como patrimônio cultural imaterial do Brasil reforça a importância econômica e social do acarajé para a comunidade baiana. O reconhecimento oficial contribui para a promoção do turismo cultural e gastronômico da região, gerando renda e fortalecendo a identidade local.
Ademais, a proteção do patrimônio imaterial proporciona o respeito e a valorização das práticas culturais das baianas de acarajé, garantindo o reconhecimento de seus conhecimentos e saberes transmitidos ao longo de gerações.
O acarajé da Bahia, como patrimônio, é um exemplo de como a culinária pode transcender o simples ato de se alimentar, tornando-se um elemento vivo da cultura, da história e das tradições de um povo. É uma expressão da riqueza e diversidade cultural do Brasil, e sua preservação e valorização são fundamentais para manter viva a identidade baiana.